sexta-feira, dezembro 29, 2006

Jornalistas, assessores de imprensa, jornalistas: um ciclo pendular pernicioso.

Há um movimento pendular perigoso para a democracia, venenoso para o jornalismo, mau para a profissão de assessor de imprensa. Ele repete-se, num vai vem entre os corredores das redacções, as cadeiras das editorias e os gabinetes do poder e das grandes empresas. Não percebo porque ainda não se auto-regulou, legislou, ou simplesmente criou a prática de um período de nojo obrigatório para aqueles que largam o jornalismo e vão para a política como assessores políticos de comunicação ou saem de assessores políticos para o jornalismo.
Não é bom para o jornalismo, nem para a política, que não haja um período de pausa e de proibição, por 5 anos, do regresso ao jornalismo, como jornalistas.
É a única forma de deixarmos de ver ex-assessores a serem editores, directores ou simplesmente jornalistas, colocando uma classe e os próprios sob suspeita.
Num momento em que se exige transparência e separação de àguas, porque não dar o exemplo?

domingo, dezembro 24, 2006

Isaiah Berlin, 1969, sobre o valor intrínseco da busca da verdade

" (...)Vale a pena lutar por um conhecimento mais amplo. Não é necessário para tanto acreditarmos que o conhecimento enquanto tal torne sempre os homens mais felizes, mais livres ou moralmente melhores. (...)
Basta admitirmos apenas dois pontos: antes do mais, que a descoberta da verdade é, em si própria, qualquer coisa de excelente, e, em segundo lugar, que o único e verdadeiro remédio para os efeitos indesejáveis tanto da ignorância como do conhecimento é mais e melhor conhecimento - uma compreensão mais clara do que está em jogo, do que vale a pena buscarmos, dos meios e dos fins, das consequências e do seu valor. "

Isaiah Berlin, 1969 O Poder das Ideias, ANTROPOS, Relógio d'Água


Bom Natal

Hoje está um dia magnífico no Linhó. Sol aberto, acompanhado pelo frio. As perdizes já deram o ar da sua graça, às dezenas, vi-as pela janela a debicar a relva e o mato, ao lado do meu quintal. O meu gato anda num virote, para fora e para dentro de casa. Oiço falar em couves, bacalhau e outras iguarias. Não me posso queixar. Falei com amigos distantes e sei que outros falam comigo por este sítio. Tenho tudo o que preciso. Desejo o mesmo a todos.
Um grande dia para vós.

Abraços

sábado, dezembro 23, 2006

Geraldo Ferreira, um artista absolutamente chanfrado



A casa é o espelho da sua imaginação. Um atelier vivo, uma excêntrica sala de exposições para a qual os visitantes contribuem com recordações, colocadas aleatoriamente. A mulher, de cabelo vermelho, vestido vermelho, sapatos vermelhos, acompanha a onda. Da sua loja, na rua principal de Arraial, vêm os manequins velhos que ela descarta e ele transforma, embute nos muros e nas paredes de casa. A casa de banho, porno, que utiliza diariamente, está decorada com toda a sorte de falos. Os gatos dominam os telhados da casa, com telhas gastas. Não estão autorizados a descer ao quintal, dominado por um cão do pintor. No quintal ainda estão os seus respeitosaos deuses e deusas da Baía. À saída lá estava um veado, uma representação do amigo que nos indicou a sua obra, o Serginho. Vou colocar o colar com o nome- diz Geraldo. Serginho considera uma honra figurar no jardim do pintor.
Ele pinta de manhã. ao final da tarde dá a sua volta pela Vila e praia para recolher os desperdícios que usa nas suas obras e comprar guloseimas. De regresso, ao final do dia, abre a porta aos que o procuram para conselhos mais lúcidos do que a sua saudável loucura.
Um lugar de culto.

O Bar do STING





O STING largou o Rio de Janeiro e instalou-se em Arraial da Ajuda. Ali tem um bar de praia, com boa onda, cheio de grupos, diversificado, onde podemos simplesmente ouvir música seleccinada e colocada pelo Sting, tomar caipirinha, comer, ler, conversar, apreciar as ondas, ver os meninos e as meninas do surf e do kite-surf, falar com mercadores de colares, de imaginários, com artistas, com seres que escolheram a calma de um lugar e que devem ter sido protagonistas de vidas agitadas. É uma pequena babilónia. Um mi(x)croclima humano.
Um dos lugares onde me senti bem. Uma música fantástica. O Bar do Sting, a visitar, a não perder.

Tudo está certo e quase perfeito.

Este Natal está a ser diferente. Não preenchi as toneladas de postais que antes mandava para todo o lado, num ritual vazio e estúpido. Recebi telefonemas de amigos e tive tempo para ouvi-los. Não comprei prendas por comprar. Tudo está a correr bem. Conhecidos mais chegados e amigos distinguiram-se por terem escolhido caminhos diferentes para a suas vidas e, desse modo, influenciam positivamente Portugal.
Tudo está certo e quase perfeito, não fossem algumas partidas da natureza e da vida, que teima em lembrar que não somos eternos e que cada dia é muito tempo, que não podemos desperdiçar, para fazermos os outros e a nós próprios mais felizes e realizados.
Para o ano, levo um saco cheio de sonhos, miragens, de possibilidades cada vez mais possíveis. Este ano que termina foi um ano de realizações, boas notícias, de desafios cumpridos e de outros abertos.
Tudo está certo e quase perfeito.