sábado, dezembro 23, 2006

Geraldo Ferreira, um artista absolutamente chanfrado



A casa é o espelho da sua imaginação. Um atelier vivo, uma excêntrica sala de exposições para a qual os visitantes contribuem com recordações, colocadas aleatoriamente. A mulher, de cabelo vermelho, vestido vermelho, sapatos vermelhos, acompanha a onda. Da sua loja, na rua principal de Arraial, vêm os manequins velhos que ela descarta e ele transforma, embute nos muros e nas paredes de casa. A casa de banho, porno, que utiliza diariamente, está decorada com toda a sorte de falos. Os gatos dominam os telhados da casa, com telhas gastas. Não estão autorizados a descer ao quintal, dominado por um cão do pintor. No quintal ainda estão os seus respeitosaos deuses e deusas da Baía. À saída lá estava um veado, uma representação do amigo que nos indicou a sua obra, o Serginho. Vou colocar o colar com o nome- diz Geraldo. Serginho considera uma honra figurar no jardim do pintor.
Ele pinta de manhã. ao final da tarde dá a sua volta pela Vila e praia para recolher os desperdícios que usa nas suas obras e comprar guloseimas. De regresso, ao final do dia, abre a porta aos que o procuram para conselhos mais lúcidos do que a sua saudável loucura.
Um lugar de culto.