terça-feira, dezembro 13, 2005

Obrigado. Obrigado. Obrigado.


Já nos desabituámos de agradecer. Andamos atarefados entre o trabalho e a nossa casa, perdidos no trânsito dos carros ou da net, preocupados com tudo, e com nada. Por vezes andamos distraídos. Afinal a vida é feita de pequenos nadas. Agradecer, dizer obrigado, é dar confiança aos outros, e faz-nos bem. Obriga-nos a partilhar, a ser humildes, a criar espírito de equipa. Mais não fosse, a ser educados.
Vem isto a propósito de três agradecimentos que aqui quero deixar, dois mais próximos e outro mais longínquo, que me chegou pela leitura.

A minha última revolução

Ontem fui despedir-me de um homem que conheci em 1985. Foi numa altura em que participei na minha última “conspiração-revolução”, a ocupação da Universidade Livre e a criação de uma nova universidade, a Universidade Lusíada. O Professor Motta Veiga, sereno, rigoroso, de algum modo distante, simbolizou o equilíbrio, a autoridade académica que permitiu à Universidade afirmar-se. Recordo-me, de acompanhado de um outro velho amigo, o professor Agostinho da Silva, sim, o do Quinto Império, estarmos no gabinete do Reitor a explicar-lhe, e a Martins da Cruz, porque estava a chegar o tempo da Lusíada abrir as suas portas em Angola e Moçambique. Era a aposta no conhecimento, num regresso mais positivo e de longa duração para todos. Ontem, estive lá, para dar um abraço à família lusíada, ao filho, para lhe agradecer o contributo que deu ao nosso projecto de estudantes e professores. Revi amigos, antigos e novos. Obrigado Professor Motta Veiga. Espero que o seu testemunho seja transmitido às novas gerações e que os novos consigam fazer uma nova revolução na universidade portuguesa. Uma mudança mais exigente e difícil, que crie uma elite útil ao País e capaz de trabalhar em qualquer parte do mundo e se sentir realizada.

Gerindo para o futuro

Obrigado Peter Drucker. Ele abriu-me caminhos de reflexão sobre caminhos da gestão e das organizações. O que me marcou foi a luz e a análise que dedicou à actividade das organizações sem fins lucrativos nos Estados Unidos da América. Viu nos escuteiros, na Cruz Vermelha americana e nas igrejas pastorais os líderes americanos da gestão. Na estratégia e na eficácia reconheceu-lhes a prática apenas apregoada pela maioria das empresas americanas. Na motivação e na produtividade dos trabalhadores destas organizações assinalou o seu pioneirismo nas políticas e práticas que as empresas teriam de aprender. Em 1992 o sector sem fins lucrativos era o maior empregador dos EUA. Um em cada dois adultos, 80 milhões de pessoas, trabalhava como voluntário, oferecendo em média cerca de cinco horas semanais. E, o maior elogio a estas organizações “começar pela missão e as suas exigências é a primeira lição que as empresas podem extrair das organizações sem fins lucrativos bem sucedidas. A missão orienta a organização para a acção, define as estratégias específicas para atingir as metas cruciais e cria uma organização disciplinada, o que evita a dispersão dos seus sempre limitados recursos em coisas que parecem interessantes, ou que parecem rentáveis, em vez de os concentrar num número muito pequeno de esforços produtivos. Uma missão bem definida serve de lembrança permanente da necessidade de olhar para fora da organização, não apenas para os “clientes”, mas também para as medidas coroadas de êxito.” Drucker morreu aos 95 anos. Obrigado pelos ensinamentos sempre actuais.
Quantos gestores de topo reformados, quantos quadros superiores, quantas pessoas podem em Portugal associar-se e colocar o seu saber, o saber fazer e a vontade para melhorar um aspecto menos positivo do nosso País. As crianças, os jovens, os idosos, os deficientes, os doentes, os desempregados, todos nós beneficiaríamos com a sua acção, que não se pode deitar fora antes de tempo.

Obrigado Lisboa

Os MTV foram conquistados por Lisboa. Tudo começou de forma informal: um afoito e determinado telefonema de Lisboa para a presidência dos MTV despoletou os acontecimentos. Seguiu-se a chamada para o processo das autoridades competentes da autarquia e nacionais do turismo. Uniram-se esforços e seguiu-se uma apresentação formal da candidatura do Pavilhão Atlântico. O sonho materializou-se e o espectáculo global aconteceu. Durante meses Portugal andou na boca de mais de um bilião de pessoas. O espectáculo foi um sucesso. Demonstrámos, na Expo, que somos bons na organização de eventos e na arte de bem receber. Esta semana Lisboa e a autarquia receberam o prémio e o reconhecimento das mãos de um dos presidentes da MTV. Obrigado Jaime. Dizer obrigado tem uma força impulsionadora para todos nós.

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