A lei de Pareto: um presente de Natal
A questão portuguesa, o problema dos portugueses, as ameaças ao desenvolvimento de Portugal, não é a globalização. O ponto crítico dos portugueses, com cada português, está no rumo que, individualmente, conseguirmos dar à nossa vida.
Imaginemos uma grande onda que emerge num oceano chamado globalização. O surfista aproveita a dinâmica e a energia da onda e, com agilidade e determinação, desliza na sua crista dirigindo-se para a costa. O homem da prancha transforma ondas ameaçadoras em aliadas que o empurram, com prazer, para os seus objectivos.
Como podemos nós agarrar a nossa onda e atingir as nossas metas individuais?
O Princípio de Pareto, desenvolvido pelo economista italiano Vilfredo Pareto, em 1895, aplica-se a todos os campos da vida e ajuda-nos a encontrar a nossa onda e a fluir a vida, comandando-a.
A gestão do tempo é um dos obstáculos onde tropeçamos mais nas nossas vidas. Não somos pontuais. Dispersamo-nos. Gastamos tempo demais no local de trabalho. Esbanjamos tempo e somos uns chatos.
Pareto diz-nos que 80 por cento dos nossos resultados resultam de apenas 20 por cento daquilo que fazemos. De todo o tempo que trabalhamos, os 80 por cento de resultados positivos que conseguimos resultam de apenas 20 por cento do tempo global dispendido. Tem graça.
Alargando o alcance do mesmo princípio, o caminho para termos uma produtividade elevada começa por conseguirmos identificar os 20 por cento mais importantes de todas as tarefas e actividades que desempenhamos.
Aplicando o princípio às nossas vidas, teremos de perceber quais são aquelas capacidades e conhecimentos que são essenciais para vencermos no nosso dia-a-dia. No mundo do trabalho, quais são a qualificações mínimas necessárias para podermos prestar serviços de qualidade e nos mantermos activos? Será o saber gerir o nosso tempo? Será sabermos traçar objectivos? Definir metas? Será dominarmos o raciocínio matemático? Será sabermos operar os sistemas informáticos? Será o domínio do inglês escrito e falado? Será termos uma sólida formação sobre história nacional e universal? Será possuirmos bons hábitos de leitura? Será desenvolvermos o gosto pelo desporto?
Será termos bons hábitos de cidadania? Será sabermos tudo sobre a área específica em que actuamos?
Uma grande parte dos portugueses anda confusa e dispersa. Ainda não conseguiu escolher os 20 por cento de capacidades essenciais, não seleccionou os 20 por cento de actividades nas quais deve concentrar os seus esforços, não percebeu quais são os 20 por cento de metas para atingir os 20 por cento de objectivos essenciais que vão permitir os 80 por cento de resultados que significam vencer e ter sucesso pessoal.
Mas é bom ficarmos cientes de que os resultados que procuramos devem ser conseguidos em tempo útil, e são eles que medem a eficácia da nossa acção.
O pensamento, a nossa capacidade de pensar bem e desenhar o nosso futuro, interiormente, vão ditar a materialização dos resultados que queremos. E estamos a falar de realização pessoal, de uma família feliz, de um emprego que nos realize, de um patamar de rendimentos monetários, de conseguir meios para alugar ou comprar uma casa, de conseguirmos educar os nossos filhos, etc. A qualidade da nossa vida é determinada pela qualidade dos nossos pensamentos. Se pensarmos bem, melhores serão os resultados que obtemos. Por isso não podemos deixar a nossa vida entregue à sorte ou à acção de terceiros.
Devemos traçar objectivos claros e específicos. Estes devem ser decisivos, importantes, susceptíveis de serem medidos, num prazo determinado. Para que a nossa vida dê certo, temos de tomar a iniciativa, de mantê-la e explorá-la. Podemos falhar, sim. São os mais bem sucedidos, aqueles que mais agem, os que falham mais vezes. Mas retiram das falhas os ensinamentos para o futuro. Quando temos metas e sofremos uma queda, caímos sempre virados na direcção das metas que procuramos atingir. É o princípio da iniciativa e da ofensiva. Devemos concentrar todas as nossas capacidades e forças num objectivo, durante o tempo certo. É o princípio da massa. O resto é desperdício, é perda de energia e de tempo. Mas os obstáculos e a resistência vão acontecer. Perante eles há que não perder a flexibilidade e aplicar o princípio da manobra. Temos de ser capazes de analisar as situações e adaptarmos a nossa estratégia e plano de acção aos novos condicionalismos com que nos deparemos. A incapacidade de adaptação é um factor de frustração e de insucesso pessoal e profissional. Isto obriga a uma grande nitidez nas metas e objectivos traçados, a par de uma grande flexibilidade nas formas de atingi-los. Por isso devemos conhecer muito bem o terreno em que nos movemos e conseguir recolher informação que nos dê o conhecimento, a principal fonte de valor acrescentado nas nossas vidas. Aos governantes cabe ajudar o esforço individual de cada um e aplicar os mesmos princípios às políticas de desenvolvimento do país, na educação, na economia, na política, na internacionalização, na formação contínua dos cidadãos, na imigração, na investigação e desenvolvimento, na administração pública.
Espero ter conseguido entregar-vos a prenda de Natal que o senhor Vilfredo Pareto vos oferece.
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