quarta-feira, novembro 29, 2006

O Sousa partiu esta manhã. Nos Açores.

Era um rapaz simples, que pediu uma oportunidade para trabalhar, para ajudar. E assim se passaram alguns meses em que ele, de madrugada, preparava a resenha da informação da Comunicação Social, para que eu pudesse, logo pela manhã, ter uma percepção da vida, da política, do estado das coisas nos Açores. Nunca lhe ouvi queixume, nem tão pouco crítica avulsa. Era honesto, dedicado, competente, de uma entrega total. Teve de saber cumprir a sua missão sem ferir lealdades ou ser ingrato. Tinha um olhar maroto, mas triste.
Depois do trabalho que fizemos nos Açores regressei a casa, a Sintra. Ele conquistou o seu posto de trabalho, teve de mudar de Ilha para continuar a trabalhar. Era o Sousa. Da útlima vez que falámos, ele telefonou-me a comentar um artigo que escrevi.
Ao Sousa foi-lhe diagnosticada uma doença grave. Lutou até ao fim, calado, trabalhando até no leito do hospital. No outro dia, pela manhã, toca o telefone, era o Luis a dizer-me que o Sousa tinha acabado de partir. Ainda bem que conseguimos dar ao Sousa a oportunidade de mostrar as suas capacidades. Ele deu-nos a certeza de que vale sempre a pena acreditar nos outros.
Gostei muito de trabalhar com o Sousa. Um rapaz exemplar e digno. Neste mundo de campanhas e da política, em que a memória é curta e a ambição desmedida.
Obrigado Sousa, pela tua ajuda, pelas tuas palavras e pelos teus silêncios.