terça-feira, dezembro 13, 2005

Jornalistas, media e homens do marketing

Ingredientes de uma falsa teoria da conspiração




Hoje quem manda no país são as televisões e os media. E assim, os responsáveis pelas desgraças do País estão encontrados. Eles são os jornalistas, os media e os homens do marketing e comunicação. É um lugar comum apontar-lhes o dedo e assacar-lhes responsabilidades por tudo que de mal existe em Portugal.

Mas esta fácil e oportuna conclusão é falaciosa e superficial. Os jornalistas e os media não governam, não têm poderes de Estado para definir e aplicar políticas concretas. O jornalista informa, faz reportagem, entrevista e, nalguns casos devidamente referenciados, opina. Os media difundem essa informação e dão voz a não jornalistas para que opinem também.

Onde reside o incómodo? Ele assenta no facto dos media chegarem a um público alargado, interferindo na realidade do dia a dia, influenciando, obviamente, a opinião que os cidadãos têm sobre os políticos e as suas políticas ou sobre matérias do dia a dia.

É igualmente comum ouvir dizer-se que os governos não governam mas são comandados pela imagem e pelos homens do marketing que, supostamente, os limitam na sua acção governativa. E aqui residiria outra das causas dos males deste País. Nada mais falso.

Os governantes são quem escolhe os seus assessores de comunicação e de imprensa para seus fornecedores de serviços de marketing e comunicação. E, quem escolhe, manda! Quem pode escolher também tem poderes para demitir e dar orientações. A função instrumental do assessor e da comunicação é clara. Quando existe inversão de papéis é porque os governantes não têm políticas e não sabem conduzir as suas equipas. Só por consentimento, por fraqueza dos líderes ou pelo vazio da governação pode ocorrer uma substituição de funções.

Logo, é óbvia a conclusão de que o que faz falta são políticos e dirigentes com projecto e capacidade para levá-los por diante. Políticos que saibam que a comunicação deve servir a política e a governação e não deve criar realidades virtuais ou desfocar os acontecimentos.

Os media e a opinião pública, embora incómodos, são factores críticos de sucesso e de desenvolvimento de uma sociedade moderna e democrática. E não há desenvolvimento integral sem a existência de liberdades básicas.

Os especialistas do marketing político e da comunicação, os assessores de comunicação dos governantes são essenciais para que a comunicação entre governantes e governados, entre políticos e cidadãos se processe de forma fluida e clara.

Embora a televisão e os media tenham um impacto muito grande na formação de consciências e vontades, eles jamais serão os responsáveis, por si só, pelo fracasso de um governante ou de um político.

O primeiro e principal responsável é sempre o político, o governante. Os desvios, as mentiras e as manipulações resolvem-se a montante, com uma sólida preparação dos profissionais de comunicação e, em sede de justiça, quando for caso disso.

A teoria da conspiração ou do bode expiatório, tão do gosto dos dirigentes políticos, não colhe. Primeiro, porque é aplicada casuisticamente e quando dá jeito. Segundo, porque é ao poder executivo que compete incentivar, promover ou regulamentar políticas, sejam elas de ensino, de cultura, de desenvolvimento, e criar ambientes para a competitividade, a eficiência, o progresso, o bem-estar e até a consequente elevação cultural e educacional dos cidadãos.

Se fica bem ao todo poderoso presidente dos Estados Unidos da América agradecer publicamente os préstimos de um seu conselheiro de comunicação e marketing político, como o fez recentemente, tal não significa que os Estados Unidos sejam governados pelos homens da comunicação. Ela apenas revela gratidão e reconhecimento. Os líderes políticos, os chefes de governos são os únicos e exclusivos responsáveis, para o bem e para o mal, pelas políticas das suas organizações ou dos governos que dirigem.

0 Comments:

Enviar um comentário

<< Home