terça-feira, dezembro 13, 2005

Jornalismo e política




O jornalismo e a política são dois pilares fundamentais da democracia. O jornalismo e os jornalistas são os alicerces em que assentam os regimes democráticos e que radicam na liberdade de imprensa. Não há democracia forte onde não exista a liberdade de informar, na sua dupla componente de direito e dever. A política e os políticos constituem outro dos pilares do regime democrático, com legitimidade democrática sufragada pelo voto universal e secreto dos cidadãos. Os políticos têm a nobre e exigente missão de gerir os interesses públicos, tendo em vista o bem comum.

Se até este ponto estamos todos de acordo, a contradição surge logo na prática e no exercício das duas actividades. A duas actividades revelam-se como práticas contraditórias, complementares e muitas vezes antagónicas. É importante perceber então, nos dias que correm, o lugar e o papel do político e do jornalista e a concorrência de ambos para o bem comum.

Os políticos, enquanto detentores do poder político no Estado, na Administração Regional e Local ou à frente de organizações políticas, comunicam com os cidadãos, muitas vezes através dos mediadores de opinião que são os jornalistas. Os cidadãos, na maioria dos casos, informam-se sobre o decorrer da gestão da coisa pública pela comunicação social e, cada vez mais, muitas vezes comunicam através dos jornalistas e da comunicação social. Há uma interactividade comunicativa.

Os jornalistas, na sua missão de informar, retratam a sociedade e o mundo envolvente e recolhem e publicam, segundo regras precisas e rigorosas, a informação que julguem pertinente para o conhecimento dos cidadãos.

O aparente contraditório e a tensão surgem quando as fronteiras entre políticos e jornalistas não são percebidas, são ultrapassadas, quando há tentativas de instrumentalização ou se confundem papéis. Mas os desvios não são a regra e os papéis são conhecidos.

Os políticos devem aprender a respeitar o jornalista como um profissional preparado, com acesso a múltiplas fontes de informação e com uma missão fundamental e única: informar, procurar a informação e dar a notícia, na sua diversas formas.

O jornalista deve saber que o político tem de governar, que deve exercer o seu mandato com o objectivo de resolver os problemas dos cidadãos, dentro da legalidade e da verdade.

São duas profissões nobres que têm momentos de cooperação, no acesso à informação, na explicação dos factos, e momentos de afastamento pela serenidade, recato e distância que os assuntos de Estado exigem.

Os conflitos e incompreensões surgem quando alguns actores de ambos os lados não conseguem perceber a linha divisória entre a missão de cada um. Estamos a tratar de duas actividades geradoras de emoções e paixões, que não podem viver subordinadas uma à outra, em que só os mais solidamente formados e preparados conseguem exercer superiormente a sua actividade a bem da democracia e de todos nós, cidadãos.

Uma coisa é certa, não há desenvolvimento social e económico onde as liberdades não existam. E a liberdade de informar e ser informado, por um lado, e o pluripartidarismo e a liberdade de eleger livremente os nossos governantes são vitais para crescermos.

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