quarta-feira, novembro 29, 2006

O Sousa partiu esta manhã. Nos Açores.

Era um rapaz simples, que pediu uma oportunidade para trabalhar, para ajudar. E assim se passaram alguns meses em que ele, de madrugada, preparava a resenha da informação da Comunicação Social, para que eu pudesse, logo pela manhã, ter uma percepção da vida, da política, do estado das coisas nos Açores. Nunca lhe ouvi queixume, nem tão pouco crítica avulsa. Era honesto, dedicado, competente, de uma entrega total. Teve de saber cumprir a sua missão sem ferir lealdades ou ser ingrato. Tinha um olhar maroto, mas triste.
Depois do trabalho que fizemos nos Açores regressei a casa, a Sintra. Ele conquistou o seu posto de trabalho, teve de mudar de Ilha para continuar a trabalhar. Era o Sousa. Da útlima vez que falámos, ele telefonou-me a comentar um artigo que escrevi.
Ao Sousa foi-lhe diagnosticada uma doença grave. Lutou até ao fim, calado, trabalhando até no leito do hospital. No outro dia, pela manhã, toca o telefone, era o Luis a dizer-me que o Sousa tinha acabado de partir. Ainda bem que conseguimos dar ao Sousa a oportunidade de mostrar as suas capacidades. Ele deu-nos a certeza de que vale sempre a pena acreditar nos outros.
Gostei muito de trabalhar com o Sousa. Um rapaz exemplar e digno. Neste mundo de campanhas e da política, em que a memória é curta e a ambição desmedida.
Obrigado Sousa, pela tua ajuda, pelas tuas palavras e pelos teus silêncios.

domingo, novembro 26, 2006

Primeiro dia. Juro que estou aqui, mas ainda não estou a fazer o pino.






Um sitio colorido, onde as praias são complementadas pelo magnetismo de lojas, bares, hoteis e pousadas para todos os gostos. Pelas ruas fluem pessoas de todas as nacionalidades, gente gira, com elan. Um lugarejo criativo, que atrai visitantes de todas as partes do mundo.
Darei mais novas, daqui de Arraial da Ajuda, Porto Seguro.
http://www.portoseguro.tur.br/hoteis/108.htm

sexta-feira, novembro 10, 2006

Ele cria beleza, apura aromas e cores. Fortalece, com sabedoria, as rosas mais bonitas.






Tenho um amigo que aprendeu e desenvolve o dom da criação. De forma suprema, com sabedoria, cria rosas de todas as qualidades e géneros. Trata delas como se fossem uma imensa família, chamando a todas pelos seus nomes, conhecendo-lhes os odores, as forças e as fraquezas. No fundo de uma montanha ele permite e cria condições para o milagre da criação, onde impera a beleza, o bom gosto, a sabedoria e a força de vontade para manter a obra e trasmiti-la a vindouros.
Esta semana parou, por momentos, a gestão da sua Polis, veio a Lisboa e deu à estampa um magnífico livro com as obras da sua criação " Roseiras Antigas de Jardim - Colecção Quinta do Arco, Roseiral Duquesa de Bragança". Enriqueceu-nos, neste gesto delicado, mas poderoso, com a sua amizade e a partilha das suas obras de arte.
Parabéns Miguel.
http://www.quintadoarco.com

Escolha quem vai viver, Senhor Ministro. A seguir durma bem.






Quando era jovem, contaram-me a triste história de um colega de liceu que falecera num acidente de mota. Lembro-me da sua cara, dos tiques dos seus olhos, da expressão da sua face como se fosse hoje.Deu entrada na urgência do hospital após um acidente de mota. Anunciada a chegada do sinistrado, em estado grave, quase cadáver, o médico de serviço logo observou, com a frieza de quem lida diariamente com a morte e o sofrimento - lá vem aí mais um maluco das motas.... Quando levantou o lençol, depara com o seu próprio filho.
Com o encerramento das urgências, aquela frase fria poderá ser substituida pela decisão impossível, se dois filhos, sobrinhos ou familiares do ministro chegarem a uma falsa urgência, com enfartes ou situação clínica de idêntica gravidade, solicitada pelo médico e enfermeiro de serviço ao hipotético acompanhante _ senhor ministro, decida qual dos seus filhos, sobrinhos ou familiar quer que nós salvemos? Temos de optar por um deles ou perdemos os dois.
As urgências são a última porta do sistema para a maioria do povo, para os cidadãos que não conseguem consultas rápidas, para aqueles que precisam de um sistema de assistência mais justo. Por isso, em 11 milhões de urgência por ano, cerca de 50 % são falsas, mas legítimas, porque colmatam as falhas dos centros de saúde e a falta de médicos. Por fim, as urgências são o cordão sanitário que defende a saúde pública dos portugueses, controlando a tuberculose e as complicações da sida.
É tempo de parar e fazer as coisas pelos alicerces, não pelo telhado.

Só me faltava esta.


Ter de explicar o óbvio. Que o problema não é gerir uma terra pobre, nem que seja das mais pobres de Portugal. Que o mal não está em quem retrata a pobreza de Portugal na pobreza dessa terra. A questão é como posso dar passos concretos, obter resultados e dar a volta à questão? Têm de saber encontrar vocações, singularidades, características que tornem o lugar alvo de visita, de procura, enriquecendo dia a dia, com actos simples, a vida dos que lá vivem ou por lá passam.
Há que expôr a pobreza, para que ela se envergonhe e desapareça. Há que abrir portas e lançar mãos a novas formas de desenvolver, menos tradicionais mas mais perenes.
Há que não manipular ou procurar esconder aquilo que até os cegos pressentem e conseguem ver.
Confesso que não tenho jeito, nem capacidade, nem vontade para comunicar inexistências, quando as evidências comunicam por si próprias. São as vidas das pessoas que contam a verdade.

Prefiro o original


Francamente que prefiro o original. As fotocópias são de má qualidade. Nelas, os tiques saem mais carregados, notados, desastrados, magoando o íntimo dos vulgares cidadãos. Estes, na sua maioria, entre a novela e o futebol - visto do banco da tasca e do café ou no sofá - sem informação para se defenderem, condicionados pelas suas características, em razão da cultura ou da educação, não conseguem esgueirar-se e escapar ao impacto de uma mudança, necessária, que toca sempre aos mesmos.
Não há volta a sugerir, temos de mudar as coisas. Mas a mudança tem de ser feita com respeito, com transparência, com boas maneiras e com memória.
É por isso que prefiro Sócrates às fotocópias das suas piores carcaterísticas, encarnadas quase em simultâneo por alguns dos seus ministros e secretários.
Mas não é grave. Ele aí está, com a confiança dos portugueses. Os outros, as más imitações, calar-se-ão até serem dispensados.