segunda-feira, agosto 28, 2006

De burro na Serra de Sintra, na presença de vândalos


Os passeios na Serra de Sintra, Peninha, ganharam uma nova atracção: podemos juntar uma dezena de amigos e passear de burro pela Serra. É um passeio sereno, ecológico, com vistas de serra e mar magníficas. Um bom princípio. Parabéns
Cuidado apenas com animais de outra espécie, bípedes, que protegidos ou não pelos guardas da natureza, resolvem fazer da Serra pista de corridas para UMM's com dísticos da "Skoda" carregados de gente de garrafa de cerveja em punho, picando-se em despiques infantis, ou Land Rovers transportando bicicletas em atrelados, galgando caminhos em velocidade vertiginosa, atirando os demais, visitantes ou pacatos moradores da Serra de Sintra para a berma. Um detalhe a corrigir com mão pesada, para que iniciativas de mérito não fiquem prejudicadas por vândalos inconscientes.
A cavalo, como nos meus velhos tempos, a pé, de jeep, na extinta escola de todo-o-terreno do Manecas - onde aprendi as regras de respeito pela natureza e o ambiente e a educação no todo-o-terreno - de bicicleta e agora de burro, vale sempre a pena ir à Serra.

quinta-feira, agosto 24, 2006

A bola. Primeiras impressões...

No mundo da bola os raciocinios são redondos e têm percursos irregulares, erráticos, ao contrário dos objectivos, que me parecem materiais, lineares e muito pragmáticos. Com este tipo de lógica interpreto o que oiço sempre de forma invertida, a ver se entendo os diálogos. Leva tempo...

terça-feira, agosto 15, 2006

O cemitério das borboletas






Hoje passeei pelas levadas do Funchal. Percorri levadas esculpidas na rocha pelas mãos de madeirenses corajosos, humildes, homens que se foram gastando ao ritmo do trabalho da picareta, com o embate dos ventos, das chuvas e pelo medo da derrocada. Eles construiram um lugar perfeito para contemplar a natureza. As levadas são caminhos que levam água pela encosta abaixo, para alimentar os campos e as suas gentes. Hoje servem para produzir luz. Enquanto não se cumprem, embelezam a paisagem e o espírito com os sons calmantes da água que brota sem parar, vinda do ar e das serras da Laurissilva.
As águas atravessam túneis. Foi num desses túneis, escuro, que o Pedro me ajudou a descobrir a última morada de uma espécie de borboletas. Elas voam para ali, poisam suavemente nas paredes húmidas do furado, adormecem num sono calmo, sem regresso, e deixam-se consumir por um fungo que as abraça lentamente até desaparecerem.
Pela primeira vez conheci o cemitério das borboletas da Fajã. Assisti ao adormecimento de uma borboleta. Há dias em que apreendemos coisas que fazem sentido.
É a sabedoria da natureza.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Tiques de falsas virgens.


Começo a não ter paciência para os tiques deste Governo. Fazem-me lembrar as sumidades que geriram o Ministério da Educação, todos amigos, todos parceiros nos mesmos institutos e fundações, e que se fartaram de opiniar sobre a mediocridade dos alunos. Parece que já nos livrámos de muitos deles nas telas da televisão. Excepção para Marçal Grilo que ainda, há alguns dias, teve o desplante de perorar sobre o sistema.

Os tiques de alguns dos actuais governantes são idênticos, esquecendo-se das anteriores responsabilidades ou co-responsabilidades próprias ou dos partidos e máquinas a que pertencem e que ajudaram a manter e sustentar desde muito novos.

Os autarcas são gastadores, corruptos, uns mãos largas, hipotecados aos interesses imobiliários, os culpados dos males do País. Mesmo assim continuam a dar-lhes competências. Não se percebe como se tem o descaramento de denegrir e em simultâneo aumentar responsabilidades.

Agora oiço um ministro acusar as populações de falta de civismo. Mas este povo não é fruto da acção colectiva de várias entidades?

Não aceito estes tiques morais, de conveniência, sem memória, no primeiro e no segundo casos, tal qual falsas virgens bradando a sua virgindade.
Ficava melhor a este Governo fazer o que tem de ser feito sem denegrir poderes, titulares legítmos ou o povo português.

Será que estão em pé de poderem continuar a atirar as primeiras pedras?
Veremos... se por este caminho a maré não vai, infelizmente, começar a mudar.